Sentido

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:(1) LISPECTOR, Clarice. Maçã no escuro. 3.e. Rio de Janeiro, José Álvaro, 1970, p. 252.
:(1) LISPECTOR, Clarice. Maçã no escuro. 3.e. Rio de Janeiro, José Álvaro, 1970, p. 252.
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:A questão do sentido fica mais clara quando se examina o triângulo semiótico e se tenta aplicá-lo à música. Do ponto de vista da semiótica ou semiologia parece facilmente que o real é construído a partir do signo, daí que o [[referente]] foge do horizonte de reflexão, ficando na tensão significante/significado, seja como denotação, seja como conotação. Mas quando se tenta aplicar à música, esta é que origina o significante e o significado, mas sem que se possa falar em referente, ou seja, a música é o próprio referente na medida em que é a realidade tanto mais se manifestado quanto mais mergulhando misteriosamente no velar-se e no silenciar. É deste silêncio que se haure o sentido. Mas então aí não se pode falar de significado. O que aqui se diz da música deve ser dito igualmente da poesia e de todas as artes.

Edição de 16h07min de 9 de janeiro de 2009

1

É que uma língua só comunica se e na medida em que sua competência tiver sentido, isto é, enquanto puder articular as experiências inovadoras partilhadas pela comunidade. Responder à pergunta se um discurso é ou não é significativo equivale a responder à pergunta: que dimensão da experiência comunitária ele exprime, consolida e transforma?(1) Ora, este fato mostra claramente que realidade e homem se dimensionam no vigor da Linguagem. É por isso que estas questões: homem, realidade, linguagem se constituem no núcleo duro da Poiesis. Perguntar, pois, pelo homem e pela realidade na Modernidade e na Pós-modernidade é perguntar pelo que acontece à Linguagem.


Referência:
(1) LEÃO, Emmanuel Carneiro. Conferência: A Pós-modernidade. Mimeo, p. 9.


2

"Se o essencial não foi destinado a ser compreendido, se somos cegos por que insistimos em ver com os olhos, por que não tentamos usar estas nossas mãos entortadas por dedos? Por que tentamos ouvir com os ouvidos o que não é som?"


Referência:
(1) LISPECTOR, Clarice. Maçã no escuro. 3.e. Rio de Janeiro, José Álvaro, 1970, p. 252.


3

A questão do sentido fica mais clara quando se examina o triângulo semiótico e se tenta aplicá-lo à música. Do ponto de vista da semiótica ou semiologia parece facilmente que o real é construído a partir do signo, daí que o referente foge do horizonte de reflexão, ficando na tensão significante/significado, seja como denotação, seja como conotação. Mas quando se tenta aplicar à música, esta é que origina o significante e o significado, mas sem que se possa falar em referente, ou seja, a música é o próprio referente na medida em que é a realidade tanto mais se manifestado quanto mais mergulhando misteriosamente no velar-se e no silenciar. É deste silêncio que se haure o sentido. Mas então aí não se pode falar de significado. O que aqui se diz da música deve ser dito igualmente da poesia e de todas as artes.