Sagrado

De Dicionário de Poética e Pensamento

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:A apreensão do sagrado é complexa. Porém, algo fica evidente: o sagrado é a linguagem in-augural. E como in-augural exercita o augure no ''in'', ou seja, no ''intus'', no entre, no inteligível (o ''intus-lógos''). O narrar originário é sagrado porque se torna e vige na ''poiesis'' como ''phainestai'' (o desvelar/velar, a criptofania). Todo ente/coisa é e vige como narrar-originário-de-sagrado. A [[narrativa]] é sagrada porque esta vige no genos e gênese de todo ente-coisa.
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:"O que é o sagrado para Hölderlin? É a [[palavra]] com que ele nomeia a [[natureza]]. Esta, contudo, não deve ser tomada como a ''natura'' dos romanos, nem como natureza no sentido moderno, pois em ambos os casos é apreendida como conjunto dos fenômenos ou coisas pertencentes a um determinado setor do real, ou seja, o [[mundo]] natural. Natureza para o poeta possui, antes, a ressonância da palavra-guia dos primeiros pensadores gregos -- ''phýsis'' --, como o aberto, por onde as coisas brotam e desabrocham, mas também como o obscuro, por onde elas se escondem e repousam" (1).
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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:"O que é o sagrado para Hölderlin? É a palavra com que ele nomeia a [[natureza]]. Esta, contudo, não deve ser tomada como a ''natura'' dos romanos, nem como natureza no sentido moderno, pois em ambos os casos é apreendida como conjunto dos fenômenos ou coisas pertencentes a um determinado setor do real, ou seja, o mundo natural. Natureza para o poeta possui, antes, a ressonância da palavra-guia dos primeiros pensadores gregos - ''physis'' -, como o aberto, por onde as coisas brotam e desabrocham, mas também como o obscuro, por onde elas se escondem e repousam. A natureza é sagrada para Hölderlin porque ela é mais antiga que os tempos e acima dos deuses". (1)  
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:(1) HEIDEGGER, Apud, MICHELAZZO, José Carlos. ''Do um como princípio ao dois como unidade''. São Paulo: Annablume, 1999, p. 144.
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:(1) MICHELAZZO, José Carlos. ''Do um como princípio ao dois como unidade''. São Paulo: Annablume, 1999, p. 144.
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:"Quando os índios norte-americanos e certas tribos de esquimós mandam mensagens convidando os outros para um festival religioso, os mensageiros carregam bastões com penas e estas conferem ao portador a qualidade sacrossanta". (1)
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:(1) FRANZ, Marie Louise von. ''A interpretação dos contos de fadas''. Rio: Achiamé, 1981, p. 78. Cf. Idem, p. 88, quando fala dos motivos religiosos dos tapetes.
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:'''Ver também:'''
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:*[[Rito]]
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:A questão do entendimento do que é sagrado passa necessariamente pela questão do [[conhecimento]]. Quando o conhecimento deixou de ser sabedoria? Martin Heidegger trata no ensaio "O tempo da imagem do mundo" (1938), da mudança da natureza do conhecimento na Modernidade. Ora, é através desse conhecimento que se lê o que é o sagrado hoje em dia. E aí está o problema. Também a partir daí é que se pode entender o que é o profano. Logo, o estudo desse ensaio se torna nuclear tanto para a questão do sagrado como para a questão do profano, gerando um plano de fundo para o entendimento da arte, ou seja, a partir de que conhecimento se determina o que é arte. A própria arte funda o seu conhecimento, construindo o real e o homem, gerando dessa maneira uma paidéia poética, não filosófica nem científica. Cf. HEIDEGGER, Martin. "O tempo da imagem do mundo". In: ''Caminhos de floresta''. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2002.
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:- [[Manuel Antônio de Castro]]
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Edição de 18h42min de 28 de março de 2009

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"O que é o sagrado para Hölderlin? É a palavra com que ele nomeia a natureza. Esta, contudo, não deve ser tomada como a natura dos romanos, nem como natureza no sentido moderno, pois em ambos os casos é apreendida como conjunto dos fenômenos ou coisas pertencentes a um determinado setor do real, ou seja, o mundo natural. Natureza para o poeta possui, antes, a ressonância da palavra-guia dos primeiros pensadores gregos -- phýsis --, como o aberto, por onde as coisas brotam e desabrocham, mas também como o obscuro, por onde elas se escondem e repousam" (1).


Referência:
(1) MICHELAZZO, José Carlos. Do um como princípio ao dois como unidade. São Paulo: Annablume, 1999, p. 144.
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