Duvidar

De Dicionário de Poética e Pensamento

Edição feita às 19h01min de 19 de Julho de 2009 por Lio (Discussão | contribs)
(dif) ↠Versão anterior | ver versão atual (dif) | Versão posterior → (dif)

1

Descartes cunhou e sintetizou em duas sentenças toda uma época. Diz:

"Dubito, ergo cogito. Cogito, ergo sum". "Duvido, logo penso. Penso, logo sou".

Sem dúvida, é um modo inaugural de experienciar o ser. E sobretudo se tem muito discutido e escrito sobre esse enigmático "ergo". Também a mim ocorreu discuti-lo, mas conservando-o tal como está na sentença. Tudo que ele im-plica, ou não, pode ser conservado. Minha dúvida não surge a partir dele, mas da não assunção da dúvida. Eu creio e preciso assumir a dúvida. Quero beber da fonte de onde surgiu o "Dubito" de Descartes. E é no horizonte desse duvidar e no circular de todo questionar que fiz também minha sentença: "Dubito, ergo cogito. Cogito, ergo dubito". "Duvido, portanto questiono. Questiono, portanto duvido".

É necessário reinstalar o ser humano no questionar que o constitui.


- Manuel Antônio de Castro
Ferramentas pessoais