Arte

De Dicionrio de Potica e Pensamento

Edição feita às 13h47min de 19 de Dezembro de 2008 por Fábio (Discussão | contribs)

Tabela de conteúdo

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Segundo Heidegger, pensar a arte se faz a partir da sua essência, isso significa compreender a arte a partir da sua definição: "o pôr-se-em-obra da verdade". (1) Nessa definição se dá a conexão entre OBRA/ARTE. Para pensar a arte é necessário pensar as obras e para pensar as obras é necessário pensar a arte. Por isso pergunta: "o que é a verdade para que ela possa ou até mesmo tenha de acontecer como arte? Em que medida há arte em geral? " (2). Quando define a arte como "ins-werk-setzen-der Wahreit" há aí ambiguidade. Diz: "mas esta determinação é conscientemente ambigua. Ela diz, por um lado: a arte é o estabelecimento da verdade que se institui na forma. Isso acontece na criação como produção (hervor-bringen) da desocultação do ente. Mas ao mesmo tempo, pôr-em-obra que dizer: pôr em andamento e levar a acontecer o ser-obra. Tal acontece como salvaguarda. A arte é então: a salvaguarda criadora da verdade na obra. A arte é , pois, um devir e um acontecer da verdade." (3). Como vemos temos uma dupla definição da arte: na primeira destaca-se a verdade e a obra, mostrando a necessidade da obra como ser-produzido, como ente, já na segunda destaca-se o acontecer e o devir permanente (resultado na savaguarda) da verdade.


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. Origem da obra da arte. Trad. Maria da Conceição Costa. Lisboa: Edições 70, 1992, p. 46.
(2) Idem, p. 46.
(3) idem, p. 57.

2

"As coisas da arte são sempre resultado de ter estado a perigo, de ter ido até o fim em uma experiência, até um ponto que ninguém consegue ultrapassar". (1) "Na arte, só podemos permanecer na força de quem "pode" e, pelo fato de permanecermos aí, esta força cresce e sempre volta a nos ultrapassar". (2) Esta passagem diz respeito ao próprio enigma da interpretação.


Referências:
(1) RILKE, Rainer Maria. Cartas sobre Cézanne. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1996, p. 24.
(2) Idem, p. 28.

3

Para ver a arte pela arte como teologia da arte, cf. SOUZA, Ronaldes de Melo e. In: Revista Tempo Brasileiro, 84, jan.mar., 1986: "A epigênese do pós-moderno", p. 40-1, 45.


4

Ernesto Grassi, citando Malreaux, diz: "A religião só podia ser isto quando deixou de ser crença: as suas representações tiveram primeiro que passar por uma antecâmara ..."(1). Na realidade, trata-se aí da questão da fé e da arte. Quanto ao sagrado, elas não não discordam, só quanto ao sistema e só neste, isto é, à leitura de tais obras a partir de conceitos metafísicos. Pois, perdendo a sua função religiosa, dentro de um mundo de fé, aparece o vigor da obra como arte. O que se perdeu na função religiosa foi um determinado mundo. E do vigor da obra o mundo como tal em disputa com a terra vem ainda mais forte. Porém, esse poder da obra foi encoberto ou pela leitura estética ou pela leitura formal dos estilos de época. Época aí é apenas algo historiográfico sem o vigor histórico da arte. A história da arte pelos estilos de época tem apenas um valor de acumulação de conhecimentos formais sem nenhum vigor ético e poético.


Referências:

(1) GRASSI, Ernesto. Arte e Mito. Lisboa: Livros do Brasil, s/d, p. 140.

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