Aprendizagem

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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:O aprendizado, em sua forma de substantivo, formado do particípio verbal passado, já diz o resultado ou processo de algo feito, em que predomina o aspecto passivo até certo ponto. Ele indica uma certa receptividade. O aprendizado é inerente ao “como” enquanto como configurado numa estrutura, numa formatação e numa doutrinação. Daí a correlação entre docere e discere, entre docente e discente. Isso é expresso em grego pelo verbo “mantano”. Dá-se ai o “como” enquanto padrão comportamental. Ocorre que o que modula a inter-relação e interação da unidade/ente e meio é a plasticidade não de dependência, mas de uma adequação convivencial onde predomina sempre a unidade e é neste predomínio que consiste a plasticidade autopoética da unidade/ente. A essa plasticidade autopoética é que podemos chamar “aprendizagem”, mas cuja medida não vem da unidade/ente em-si. Só há aprendizagem quando a plasticidade se torna um corresponder ao apelo do sentido do logos, do ser. A plasticidade é um figurar e diz respeito ao corpo enquanto mundo e terra. A aprendizagem não é um aprender de fora, mas o apropriar-se do que é proprio. Então, em sentido próprio, só se aprende a partir do que já sabemos e somos. Esse é o sentido mais radical de "mantano". O aprendizado da [[matemática]] não nos vem pelo ensino de um outro, mas é já uma possibilidade que temos e de que devemos nos apropriar.
:O aprendizado, em sua forma de substantivo, formado do particípio verbal passado, já diz o resultado ou processo de algo feito, em que predomina o aspecto passivo até certo ponto. Ele indica uma certa receptividade. O aprendizado é inerente ao “como” enquanto como configurado numa estrutura, numa formatação e numa doutrinação. Daí a correlação entre docere e discere, entre docente e discente. Isso é expresso em grego pelo verbo “mantano”. Dá-se ai o “como” enquanto padrão comportamental. Ocorre que o que modula a inter-relação e interação da unidade/ente e meio é a plasticidade não de dependência, mas de uma adequação convivencial onde predomina sempre a unidade e é neste predomínio que consiste a plasticidade autopoética da unidade/ente. A essa plasticidade autopoética é que podemos chamar “aprendizagem”, mas cuja medida não vem da unidade/ente em-si. Só há aprendizagem quando a plasticidade se torna um corresponder ao apelo do sentido do logos, do ser. A plasticidade é um figurar e diz respeito ao corpo enquanto mundo e terra. A aprendizagem não é um aprender de fora, mas o apropriar-se do que é proprio. Então, em sentido próprio, só se aprende a partir do que já sabemos e somos. Esse é o sentido mais radical de "mantano". O aprendizado da [[matemática]] não nos vem pelo ensino de um outro, mas é já uma possibilidade que temos e de que devemos nos apropriar.
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:— [[Manuel Antônio de Castro]]
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:*[[Sendo]]
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:*[[Desabrochar]]

Edição de 20h35min de 28 de fevereiro de 2009

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O aprendizado, em sua forma de substantivo, formado do particípio verbal passado, já diz o resultado ou processo de algo feito, em que predomina o aspecto passivo até certo ponto. Ele indica uma certa receptividade. O aprendizado é inerente ao “como” enquanto como configurado numa estrutura, numa formatação e numa doutrinação. Daí a correlação entre docere e discere, entre docente e discente. Isso é expresso em grego pelo verbo “mantano”. Dá-se ai o “como” enquanto padrão comportamental. Ocorre que o que modula a inter-relação e interação da unidade/ente e meio é a plasticidade não de dependência, mas de uma adequação convivencial onde predomina sempre a unidade e é neste predomínio que consiste a plasticidade autopoética da unidade/ente. A essa plasticidade autopoética é que podemos chamar “aprendizagem”, mas cuja medida não vem da unidade/ente em-si. Só há aprendizagem quando a plasticidade se torna um corresponder ao apelo do sentido do logos, do ser. A plasticidade é um figurar e diz respeito ao corpo enquanto mundo e terra. A aprendizagem não é um aprender de fora, mas o apropriar-se do que é proprio. Então, em sentido próprio, só se aprende a partir do que já sabemos e somos. Esse é o sentido mais radical de "mantano". O aprendizado da matemática não nos vem pelo ensino de um outro, mas é já uma possibilidade que temos e de que devemos nos apropriar.


Manuel Antônio de Castro


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