Medida
De Dicionrio de Potica e Pensamento
Edição feita às 14h53min de 24 de Novembro de 2018 por Profmanuel (Discussão | contribs)
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- "O divino é 'a medida' com a qual o homem confere medida ao seu habitar, à sua morada e demora sobre a terra, sob o céu. Somente porque o homem faz, desse modo, o levantamento da medida de seu habitar é que ele consegue ser na medida de sua essência" (1).
- Referência:
- (1) HEIDEGGER, Martin. "...poeticamente o homem habita...". Trad. Márcia Sá Cavalcante Schuback. In: ---------. Ensaios e conferências. Trad. Emmanuel Carneiro Leão, Gilvan Fogel, Marcia Sá Cavalcante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2001, p. 172.
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- A questão na vigência do questionar mede seus julgamentos (krisis/crítica) pela medida do sentido e verdade do Ser e não apenas pela medida do ser do sendo, um ser concebido ideal e paradigmaticamente, pressupõe abertura para o envio dos diferentes modos de a phýsis se manifestar. A phýsis é a medida da lei e a lei da medida. São as experienciações do real sendo. Está, portanto, em contínuo e profundo diálogo com a tékhne e a episteme. Mas para ultrapassá-las como tekhné da poíesis e noein do einai (cf. Parmênides: Peri physeos).
- Ver também
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- "Assim como a medida converte o tempo em razão, a identidade converte o lugar a uma espécie de extensão espacial sem localidade. A identidade assegura o predomínio da ideia para o senso comum. Tanto a medida assegura a temporalidade da ideia, quanto a identidade assegura a sua espacialidade. Esse é o modo como ficam afastadas assim, ao menos por parte da ideia, uma série de possibilidades dinamizadoras da realidade, e esta fica reduzida a uma temporalidade-espacialidade determinada pelas ações-realizações, bem como por aquilo que é capaz de caber no âmbito da ideia, ser por ela identificado e medido" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, pp. 71-2.
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- A compreensão vulgar de espaço e tempo são o resultado da medida. Toda "causalidade" resulta da medida. Mas o radical de medida diz o meditar, pensar. Acontece que nestes advém o que de si se mede enquanto presença e doação como clareira, verdade.
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- Nenhum ente é igual, cada um é uma doação original absoluta do ser, porque só podemos ser este ou aquele ente a partir do e na vigência do ser. Por isso somos sendo, isto é, provimos e nos presentificamos como doação do ser e caminhamos para o ser, num processo de manifestação e apropriação do que somos dimensionando-nos pelo ser e só pelo ser, ou seja, ser é: sersendo pelo agir e fazer até o sendoser. É a nossa medida essencial e única.
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- "A medida, a identidade, a analogia e a análise estruturam uma série de concepções acerca do que é o real, a verdade, o ser, a unidade. A medida sem dimensão, a identidade sem diferença, a analogia que, progressivamente, racionaliza, e a análise que, ascendente e progressivamente, descendente e regressivamente, é capaz de desligar, conformam os modos próprios de predomínio da ideia. Tudo isso concorre para a confecção de uma realidade sem espessura, sem densidade, linear e progressiva, uma realidade ideal" (1).
- Referência:
- (1) JARDIM, Antonio. Música: vigência do pensar poético. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005, p. 72.
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- "Agimos ao nos empenharmos por algum penhor. Talvez seja melhor e mais verdadeiro enunciar que o viver agindo é o viver em que acontece o sentido, uma vez que não somos um programa em que basta simplesmente iniciá-lo com um comando, um toque, como se faz hoje, em geral, com tudo que diz respeito à computação. Todo programa é orgânico e, por isso, seus processos, resultados e fins já estão inscritos e previstos. Tudo se regula por uma medida conhecida pelo programador e pela máquina. O que diferencia o agir do ser humano é que nele a vida se dá, acontece dentro da medida do viver e do morrer. Mas destes ninguém sabe a medida, pois eles mesmos são a medida, e não nós.
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 215.
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- "Toda ação, toda procura, se dá, acontece sempre, queiramos ou não, dentro de uma não-medida e de uma medida, que lhe são inerentes, internas e externas. Todas as ações humanas se dão, acontecem, sempre dentro de um paradoxo, de uma encruzilhada, em uma palavra, em um entre, ora orientadas pela medida da não-medida, ora tendo como fim a não-medida da medida. O pensador Aristóteles, na abertura do primeiro livro da Ética, nos diz que “em toda ação vive um empenho por algum bem”. Não podemos, porém, confundir “algum bem” com “o bem”. É neste e por este que nos advém o sentido. Isso é o ético (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Cura e o ser humano". In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 216.
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- "A dança jamais pode se por a serviço de qualquer sistema, caso contrário perderá sua identidade, seu próprio. E qual é o próprio da dança, a sua identidade? Esta identidade não pode ser diferente da identidade de todo ser humano. O próprio é a medida de cada um. À realização dessa medida corresponde a história de cada um, que é sempre singular e irrepetível. Ou ao menos deveria ser. A medida é o destino" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “Aprender com a dança: fluxos e diálogos poéticos”. In: TAVARES, Renata (org.). O que me move, de Pina Bausch – e outros textos sobre dança-teatro. São Paulo: LibersArs, 2017, p. 82.
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- "Dioniso foi educado por Hermes, a palavra-medida do sentido da vida e da morte. Só há sabedoria onde houver medida. Hermes é o mensageiro da medida não é a medida. Esta é o vigorar do sagrado, por isso Hermes é o mensageiro dos deuses, da divindade, isto é, do sagrado" (1).
- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. "O mito de Midas da morte ou do ser feliz". In: -----. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 190.
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- “A não-ação do sábio não é a inação.
- Não é estudada. Coisa alguma a abala.
- O sábio é quieto porque não se altera
- Não porque ele queira ser quieto”.
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- “O coração do sábio está tranquilo.
- É o espelho do céu e da terra.
- O espelho de tudo.
- É vazio, é quieto, é tranquilo, é sem-sabor
- O silêncio, a não-ação: esta é a medida do céu e da terra”.
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- “Assim, do vazio do sábio surge a quietude:
- Da quietude, a ação. Da ação, a realização.
- Da sua quietude vem sua não-ação, que é também ação
- E é, portanto, sua realização.
- Pois a quietude é alegria. A alegria é isenta de preocupações,
- Fértil por muitos anos.
- A alegria faz tudo despreocupadamente:
- O silêncio e a não-ação
- Eis a raiz de todas as coisas” (1).
TZU, Chuang. “Ação e não-ação”. In: MERTON, Thomas. ‘‘A via de Chuang Tzu’’. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 106.
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- Referência:
- (1) CASTRO, Manuel Antônio de. “O mito de Midas da morte ou do ser feliz”. In: ------. Arte: o humano e o destino. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2011, p. 211.