Profundidade

De Dicionrio de Potica e Pensamento

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: "Enquanto ''[[lógos]]'', o ''lógos'' da ''[[psyché]]'' é [[profundo]], e de tal maneira que a [[profundidade]] consiste em assinalar, no [[próprio]] apanhar, a amplitude a partir da qual se determina a [[possibilidade]] de se coletar o a-ser-coletado" (2).  
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: "A [[essência]] do profundo reside na indicação que se encobre em si mesma da amplitude ainda não medida do [[encobrimento]] e do [[fechamento]]" (3).
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:''' (1) [[HEIDEGGER]], Martin. '''[[Heráclito]]. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 232.'''
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:''' (2) idem, p. 292.'''
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:''' (3) idem, p. 313.'''
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: A profundidade é muito [[enigma|enigmática]], pois se trabalharmos com o termo [[horizonte]], o horizonte da profundidade é a confluência dos outros dois (o da horizontalidade e o da verticalidade) que não são postos, embora em um objeto ou em relação ao corpo ou em cada coisa estejam presentes. O corpo no real, os três horizontes onde a profundidade se afirma enquanto se nega ou aparece enquanto se oculta (basta mudar o ponto de vista), o [[corpo]] no [[real]] é o con-crescer da profundidade enquanto o ser do [[lugar]] é. Lugar é [[mundo]]. O ser do lugar se dá como lugar e [[visibilidade]] e não-visibilidade. O corpo e as coisas são nesta dinâmica do ser do lugar, que é o tempo se desdobrando e espaço se configurando, mas de uma maneira [[esfera|esférica]]. A terceira dimensão surge no espaço tornado tempo, mas aí já temos o lugar e a [[linguagem]]. Neste sentido, como falar de perspectiva sem falar de profundidade, mundo e linguagem? Por isso, temos a linguagem ligada ao [[agir]], à essência do agir, que remete para a essência do tempo e do [[espaço]], no sentido do [[limite]] diante do não-limite. O ser como [[presença]] engloba todas estas dimensões. O corpo, como mundo e linguagem, é esférico. A esfericidade da linguagem: eis a questão poética.
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: A [[profundidade]] é muito [[enigma|enigmática]], pois se trabalharmos com o termo [[horizonte]], o horizonte da [[profundidade]] é a confluência dos outros dois (o da [[horizontalidade]] e o da verticalidade) que não são postos, embora em um objeto ou em relação ao [[corpo]] ou em cada coisa estejam presentes. O [[corpo]] no [[real]], os três [[horizontes]] onde a [[profundidade]] se afirma enquanto se nega ou aparece enquanto se oculta (basta [[mudar]] o ponto de vista), o [[corpo]] no [[real]] é o con-crescer da [[profundidade]] enquanto o [[ser]] do [[lugar]] é. [[Lugar]] é [[mundo]]. O [[ser]] do [[lugar]] se dá como [[lugar]] e [[visibilidade]] e não-visibilidade. O [[corpo]] e as [[coisas]] são nesta [[dinâmica]] do [[ser]] do [[lugar]], que é o [[tempo]] se desdobrando e espaço se configurando, mas de uma maneira [[esfera|esférica]]. A terceira [[dimensão]] surge no [[espaço]] tornado [[tempo]], mas aí já temos o [[lugar]] e a [[linguagem]]. Neste sentido, como falar de [[perspectiva]] sem falar de [[profundidade]], [[mundo]] e [[linguagem]]? Por isso, temos a [[linguagem]] ligada ao [[agir]], à [[essência]] do [[agir]], que remete para a [[essência]] do [[tempo]] e do [[espaço]], no [[sentido]] do [[limite]] diante do não-limite. O [[ser]] como [[presença]] engloba todas estas [[dimensões]]. O [[corpo]], como [[mundo]] e [[linguagem]], é esférico. A esfericidade da [[linguagem]]: eis a [[questão]] [[poética]].
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]
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: - [[Manuel Antônio de Castro]]

Edição atual tal como 20h31min de 24 de Abril de 2025

1

Heidegger nega o sentido comum de profundidade e dá o exemplo de "profundidade da floresta" (1).
"Enquanto lógos, o lógos da psyché é profundo, e de tal maneira que a profundidade consiste em assinalar, no próprio apanhar, a amplitude a partir da qual se determina a possibilidade de se coletar o a-ser-coletado" (2).
"A essência do profundo reside na indicação que se encobre em si mesma da amplitude ainda não medida do encobrimento e do fechamento" (3).


- Manuel Antônio de Castro


Referências:
(1) HEIDEGGER, Martin. Heráclito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998, p. 232.
(2) idem, p. 292.
(3) idem, p. 313.

2

A profundidade é muito enigmática, pois se trabalharmos com o termo horizonte, o horizonte da profundidade é a confluência dos outros dois (o da horizontalidade e o da verticalidade) que não são postos, embora em um objeto ou em relação ao corpo ou em cada coisa estejam presentes. O corpo no real, os três horizontes onde a profundidade se afirma enquanto se nega ou aparece enquanto se oculta (basta mudar o ponto de vista), o corpo no real é o con-crescer da profundidade enquanto o ser do lugar é. Lugar é mundo. O ser do lugar se dá como lugar e visibilidade e não-visibilidade. O corpo e as coisas são nesta dinâmica do ser do lugar, que é o tempo se desdobrando e espaço se configurando, mas de uma maneira esférica. A terceira dimensão surge no espaço tornado tempo, mas aí já temos o lugar e a linguagem. Neste sentido, como falar de perspectiva sem falar de profundidade, mundo e linguagem? Por isso, temos a linguagem ligada ao agir, à essência do agir, que remete para a essência do tempo e do espaço, no sentido do limite diante do não-limite. O ser como presença engloba todas estas dimensões. O corpo, como mundo e linguagem, é esférico. A esfericidade da linguagem: eis a questão poética.


- Manuel Antônio de Castro
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